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Trekking no Olimpo, cadê Zeus?

Como parte do nosso roteiro de férias em julho de 2022, descobrindo uma nova região na Europa, os Balcãs, o ponto culminante da viagem foi a expedição ao Monte Olimpo. Com 2.917m de altitude, é a montanha mais alta da Grécia e a segunda mais alta dos Balcãs. Mas sua imponência não está somente em sua altura e beleza natural, mas no misticismo e história que está por trás, e que ficamos bem interessadas.


Para os preparativos do nosso trekking, duas atividades importantes. Uma, a leitura prévia sobre a mitologia grega, recomendamos o livro Mitologia grega: Uma introdução para crianças, de Heather Alexander, onde ficamos muito curiosas com as histórias de Zeus e todos os Deuses que um dia viveram no Olimpo. Segundo, foi já fazer uma reserva antecipada do pernoite no Refúgio Agapitos, já que iríamos quebrar a subida em dois dias.


Como faríamos a subida em julho, verão na Grécia, não tínhamos muita preocupação com o grau de dificuldade, pois não haveria a neve e o calor, ainda que forte, não seria obstáculo para nós brasileiras guerreiras. A mamãe cuidou de todo o planejamento, faríamos a subida sem guia, pois a trilha é muito bem demarcada, sem possibilidade de se perder e em julho, é só seguir o fluxo de gente. Vale dizer que a trilha, a E4, é uma trilha internacional que cruza a Europa e havia bastante informação disponível no site do Refúgio e no site do parque nacional.

A cidade base para explorar o Olimpo é a cidade de Litochoro, mas nem passamos por ela. Partimos pela manhã de Tessaloniqui e em uma hora já estávamos no centro de visitantes do parque, onde tiramos as dúvidas finais sobre o nosso hike. Ajustamos a nossa mochila, tiramos todos os agasalhos que o papai pretendia levar, e atentamos aos conselhos do responsável do centro, que deveriamos partir cedo para o ataque, pois a segunda parte não havia sombra e o sol de verão iria castigar. A noite a temperatura cai bastante no refúgio, mas um agasalho leve foi suficiente.


As informações da trilha

O Monte Olimpo possui três cumes, o primeiro a se alcançar é o Skala, 2866m, de lá segue-se por uma trilha mais exposta, por mais 30 minutos até o Mytikas, 2917m, que é o mais alto cume do Olimpo, onde fica a bandeira da Grécia e o livro. Do Skala, também é possível fazer uma curta caminhada até o Skolio, 2911m, que é o segundo mais alto cume e que te dará outra visão do Mytikas. Existem diversas trilhas para se chegar aos 3 cumes, e diversas opções de refúgios, nós escolhemos a mais rápida e tradicional, saindo de Priônia, 1100m. Fizemos toda a subida em pouco menos de 6h, que era a estimativa média. O primeiro trecho em 2h e 45min e o ataque ao Skala no dia seguinte, em 3h. Não chegamos ao Mytikas, do Skala fizemos toda a descida até Priônia, com uma breve parada no Refugio, em 3h. Encontramos registros em inglês no wikiloc, mas não é necessário, não tem erro de se perder.


O que levamos na mochila

Subimos com roupas bem leves, pois subimos a tarde e estava calor. Na mochila, uma troca de roupa com nossas leggings, uma toalha pequena e a canga curinga, um casaco leve, água, protetor solar e nossos bonés. Não levamos lanches. Saimos almoçados de Priônia e o refúgio nos propiciou um ótimo jantar e café da manhã. Uns chocolatinhos apenas para celebrar a chegada ao cume e injetar açúcar nas horas necessárias. O Refúgio pede que levemos roupa de cama ou saco de dormir, mas não tinhamos, compramos umas descartáveis (e carinhas) lá para forrar as camas. Também levamos a pedido deles nossas havaianas, pois pedem para tirar os tênis e botas nos quartos. Para o ataque deixamos a mochila no refúgio e pegamos tudo na volta.


Em Priônia, há apenas um restaurante, o estacionamento, um baneiro público e uma fonte de água, onde estacionamos o carro e almoçamos. No caminho, pouco antes de chegar a Priônia, desviamos a rota para visitar o Monastério de São Dionísio. Também tem outras paradas no caminho como uma caverna e uma cachoeira, mas seguimos direto, nosso objetivo era o cume! Logo após o almoço iniciamos a trilha às 15h. Bem no começo da trilha descobrimos a Luisa e o Gabriel, de Niteroi para o Olimpo, que subimos praticamente sincronizados. Todo este trecho até o refúgio fizemos na sombra das árvores, e mais acima, quando começa a acabar a zona de floresta, a montanha já estava em sombra, então, para a questão do calor, foi bem tranquilo, estava um dia quente e ensolarado mas a subida foi tranquila. A Betina deu aquela comum empacada inicial, mas quando a endorfina entrou na veia, subiram como um foguete, apenas pararam para curtir a pequena geleira que passamos no caminho.


Chegamos ao refúgio Agapitos pouco antes das 18h. O Refúgio já estava em sombra há um certo tempo e a temperatura caía. Após check-in, guardamos os tênis, enfiamos os chinelos e fomos tomar o banho gelado. Esse era gelado mesmo, mas todo mundo encarou, estávamos precisando. A vibe boa de refúgio, todos se reunindo na mesa para o jantar e àquela boa conversa de montanha, troca de informações. Dividimos o nosso quarto e mega-beliche com uma família belga, cujo pai havia passado um tempo no Brasil trabalhando em Guaratinguetá e arranhava um português, mas nem deu tempo de bagunçar com as crianças, quando voltamos do jantar todos já dormiam. No jantar, uma gigantesca macarronada a bolonhesa e depois aproveitamos a varandona e aguentamos o frio que começava a rachar para jogar conversa fora com a Luisa e o Gabriel.



Dia 2 - Ataque ao cume

No dia seguinte partimos bem cedinho, o café da manhã começava às 6h e lá estávamos para estocar energia para o ataque. Enchemos as garrafas e lá vamos nós. Às 7h partimos do refúgio.

Mas desta vez foi a Marina que empacou, definitivamente não entrou no clima, nem com a ajuda da Luisa e do Gabriel que davam mensagens motivadoras, a subida foi lenta e cansativa.


Não havia sombra, o terreno na primeira virada da montanha fica com bastante cascalho e íngreme, sol na cabeça e vento na cara. As duas começaram a reclamar e ficou ainda mais difícil a subida. Finalmente, com bastante esforço e todos os métodos de persuasão, chegamos às 10h ao Skala. Aproveitamos o mometo, tiramos algumas fotos com muita dificuldade e não encontramos nem Zeus e nenhum Deus por ali, e nem vestígios deles.


A mamãe tentou nos enrolar dizendo que Zeus estava no cachorro que encontramos por lá, mas nosso mau humor era tanto que não vimos graça. Enfim, seria impossivel ainda avançar para o Mytikas, mamãe ficou decepcionada, mas se consolou em ter conseguido chegar ao Skala, com tamanha resistência de nossa parte e ainda conseguir uma foto BBMP tricolor.



A descida total

Por volta das 11h partimos para nossa decida, o Gabriel e a Luisa já haviam partido para o Mytikas. Enfim, para descer ligamos o turbo, enquanto a mamãe ficou quebrada para trás. A descida total em um dia fica bem cansativa. Em geral, as pessoas ficam mais uma noite no refúgio e conseguem fazer a subida ao Mytikas e ao Skolio com mais tranquilidade, nós não tinhamos este tempo. Encontramos a família belga subindo tranquilamente já em nossa descida. Passamos rapidamente pelo refúgio, recuperamos a segunda mochila e continuamos a descida. Por volta das 14h chegamos de volta ao restaurante em Priônia, a mamãe quebrada, 15 minutos depois. Matamos a fome e pé na estrada com destino a Meteora, 1h e meia dali, onde novamente encontraríamos o Gabriel e a Luisa, os únicos brasileiros que cruzamos pelos Balcãs.


Resumão


1o dia: Saída 15h | Desnível total 1000m (Priônia 1100m - Refúgio Agapitos 2100m) - 2:45min | Chegada 18h

2o dia: Ataque ao cume: Saída 7h | Desnível total 766m (Refúgio Agapitos 2100m - Skala 2866m) - 3:00h |Chegada 10h

Descida: Saía 11h | 1766m em 3h | Chegada 14h.



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